Afinal, quais são as principais diferenças entre os variados tipos de sondagem de solo? Quais são os aspectos mais importantes das sondagens convencionais? As respostas para essas perguntas são imprescindíveis para o setor da construção civil.
Para tratar desse tema tão relevante, entrevistamos Emerson José Ananias, que é engenheiro civil e gerente da Belgo GeoTech na Belgo Arames Arames — referência de fabricação de arames no mercado brasileiro. Leia até o fim e aproveite as informações!
Por que fazer a sondagem de solo?
Também conhecida como investigação geotécnica, a sondagem de solo tem como grande finalidade avaliar a presença de água no subsolo e a resistência do solo, entre outras características geológicas e geotécnicas do local. Em poucas palavras, ela permite ao projetista avaliar se o solo suportará as cargas aplicadas na construção de determinada obra.
De acordo com o especialista, a execução de sondagem SPT é obrigatória para quaisquer obras geotécnicas e de fundações e não executar a sondagem tende a gerar riscos graves para o projeto como um todo. Um dos principais problemas é ter condições ocultas, como a presença de solos moles que podem causar ruptura, grandes deformações e, até mesmo, a queda da edificação. Em algumas situações, por mais que não haja quedas, a estrutura pode sofrer patologias que comprometam seu uso.
Além disso, é possível ter água em locais que não estavam previstos, o que cria fluxos e infiltrações indesejadas, causando problemas associados à escavação. É comum ter expectativas para escavar até uma profundidade específica e, no meio do caminho, precisar parar ou modificar o processo de escavação, por conta de uma rocha ou material que não havia sido sondada.
Na prática, essas complicações comprometem diretamente o custo das obras (normalmente deixando muito mais caras do que o previsto) além de impactar em cronogramas e planejamento da obra. Dessa forma, se torna evidente a importância de se conhecer o nível da água, bem como o tipo do solo e a sua resistência, pois somente assim será possível ter domínio sobre as interferências existentes no terreno.
Vale frisar que a ausência de uma investigação de qualidade pode deixar a tarefa de projetar ainda mais complicada e causar problemas estruturais, como complicações no piso e até mesmo fissuras. A operação da construção também poderia parar, originando prejuízos grandiosos.
Quais os tipos existentes de sondagem de solo?
A investigação geotécnica é obrigatória para quaisquer obras civis e fundamental para projetos de estabilização. Existem diversos tipos de investigações geotécnicas, mas há uma delas que é obrigatória, a ABNT NBR 6484:2001 (Sondagens de simples reconhecimentos com SPT), que possibilita conhecer três fatores fundamentais:
- nível de água;
- número de golpes para cada metro de solo investigado — resistência à percussão;
- determinação dos tipos de solo em suas respectivas profundidades de ocorrência.
Segundo Emerson, outros ensaios podem ser utilizados de forma complementar, pois há características importantes para a avaliação geológico-geotécnicas que não são contempladas no ensaio SPT. Alguns desses ensaios complementares são:
- Sondagens Rotativas e Sondagens Mistas;
- CPT e CPTu (ensaio de cone)
- DMT (dilatômetro de Marchetti);
- SPT-T (sondagem à percussão com medida de torque );
- ensaios de laboratório — triaxial, cisalhamento direto e ensaios de caracterização, como granulometria, limite de liquidez (LL), limite de plasticidade (LP) e índice de plasticidade (IP), proctor entre outros
- Sondagens de simples reconhecimento: usadas para extração de amostras deformadas para ensaios de laboratório ou avaliação táctil visual
De acordo com as normas NBR 8044:2018, Projeto Geotécnico e NBR 6122:2019 Projeto e execução de fundações a sondagem de simples reconhecimento, SPT, é a investigação mínima e obrigatória. .
Emerson nos explica que todos os outros ensaios podem ser necessários, dependendo das particularidades da obra e da complexidade geotécnica.
Por exemplo, segundo a NBR 11682, Estabilidade de encostas, pressupõe investigações em laboratório por intermédio de uma complexa amostragem para cada camada de solo.
Mas, ainda hoje, há inúmeras empresas incorporadoras e construtoras que não querem investir o necessário para fazer uma boa campanha de sondagem e podem pagar caro, seja em um projeto superdimensionado, em surpresas indesejáveis durante a execução da obra ou, ainda, em patologias futuras.
Uma investigação representa cerca de meio por cento do valor de investimento total da obra. Ou seja, é pouco, mas como é preciso fazê-lo antes de todas as etapas, algumas organizações acreditam que esse é o momento de economizar, cometendo um equívoco sem volta.
Os tipos de investigações geotécnicas ão orientados para diferentes condicionantes. A Sondagem Rotativa ou Mista, por exemplo, complementa a investigação de SPT quando se encontra rocha ou blocos de rocha. Ou seja, por meio do SPT não há como ter a sondagem da rocha. Por isso, é necessário entrar com uma sondagem do tipo rotativa ou mista.
No próximo tópico, você entenderá em quais situações aplicar os ensaios complementares.
Quando utilizar cada um deles?
O CPT ou CPTu são ensaios que também podem ser feitos em solos resistentes, mas a grande aplicação deles é para áreas com solos moles, como acontece em várzeas ou regiões litorâneas, porque o SPT não consegue captar a oscilação de pequenas resistências. Nesses casos, tais ensaios dão parâmetros de resistência mais precisos. Eles ainda podem ajudar na leitura de pressão da água, caracterização de pequenas lentes de areia, resistência de ponta e atrito lateral a cada 1 cm.
O DMT é um ensaio especial que tem o intuito de verificar a resistência e, principalmente, a estimativa do módulo de elasticidade do solo. Ele é feito quando há fundações e estacas com grandes capacidades de carga onde as premissas de deformidade do solo são preponderantes. Emerson relata que esse ensaio não é muito usado no Brasil por uma questão cultural, visto que ainda é novo e depende de equipamentos mais modernos pouco presentes em nosso país.
O SPT-T é uma variação da sondagem de percussão. Nesse método é introduzido um torque e posteriormente realizada a leitura de quanto existe de resistência de adesão no solo, também chamada de resistência lateral do amostrador (atrito lateral entre o solo e o amostrador). A partir disso, é possível ter uma medição adicional dentro do SPT.
Por fim, Emerson diz que existem os ensaios de laboratório, que podem ser obrigatórios do ponto de vista de aterros — granulometria, LL, LP e Proctor (ensaio de compactação) —, com a finalidade de caracterizar o material dentro de um grupo já estudado e, a partir disso, prever seu comportamento esperado e definir como realizar procedimentos de aterro, compactação e escavação.
Afinal, ao trabalhar com um aterro, o primeiro passo é caracterizar e saber qual será o material escavado (zona de empréstimo de solo), a partir da identificação do tipo de solo e da definição de sua granulometria e outros índices físicos . Todos são parâmetros que possibilitam ao geotécnico entender qual o comportamento esperado de determinado solo para o obra de aterro.
Pode-se concluir que existem vários tipos de sondagem de solo e todos eles podem ser muito úteis em um projeto ou empreendimento, É fundamental ter atenção a essa parte do projeto para evitar danos no futuro.
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