Minerais, rochas e maciços são materiais de origem natural, ou seja, não sintética e inorgânica, que compõem a superfície do nosso planeta — a denominada crosta terrestre. Pela profunda correlação que estabelecem entre si, muitas vezes seus conceitos se confundem.
Afinal, você sabe qual é a diferença entre os três? Neste texto, o Engenheiro de Minas e Analista de Aplicação da Belgo Arames, Daniel Rodrigues Jardim, explica as características de cada um desses elementos. Continue com a leitura e fique por dentro do assunto!
Quais as diferenças entre mineral, rocha e maciço?
A diferença entre esses três elementos consiste basicamente em suas dimensões e complexidade, visto que eles têm escalas distintas. Os maciços rochosos são formados por rochas que, por sua vez, são obtidas a partir de aglomerados de minerais — unidade primária do conjunto.
Entretanto, existem outras características que distinguem minerais, rochas e maciços. Confira!
Minerais
Sólidos à temperatura ambiente e com estrutura cristalina definida, os minerais são constituídos por um conjunto de elementos químicos únicos — uma das bases pela qual se diferenciam.
Eles são estudados pela Mineralogia, uma das áreas da Geologia. Segundo Daniel, podem ser identificados por meio da avaliação de algumas propriedades como:
- cor;
- dureza;
- transparência;
- morfologia;
- densidade;
- fosforescência;
- fluorescência;
- reatividade química;
- radioatividade.
Rochas
As rochas são estudadas pela Petrologia. Conforme já citado, são originadas a partir da junção de diversos minerais, apresentando, portanto, variadas propriedades, dimensões e formas. Tais características são analisadas para identificar e classificar as diferentes rochas, entre elas:
- textura;
- estruturas existentes na rocha;
- composição mineralógica.
Daniel complementa que existem, ainda, propriedades que são analisadas para classificar, do ponto de vista geomecânico, as diferentes rochas. Algumas delas são:
- resistência mecânica;
- porosidade;
- permeabilidade;
- grau de alteração.
As rochas são divididas, de acordo com sua origem, em três grandes grupos:
- rochas ígneas — formadas durante o processo de resfriamento e solidificação do magma (subsuperfície) ou lava (superfície terrestre), originando rochas com diferentes graus de cristalinidade;
- rochas metamórficas — originadas das modificações químicas, minerais, texturais e estruturais de uma rocha preexistente (protólito, ou “rocha mãe”), que pode ser ígnea, metamórfica ou sedimentar. O tipo de rocha metamórfica originada deste processo é condicionado, principalmente, pela natureza do protólito, temperatura, pressão e tempo de metamorfismo;
- rochas sedimentares — formadas a partir de fragmentos de rochas ígneas, metamórficas ou outras sedimentares que se aglutinam e sofrem o processo de litificação, ou seja, complexas transformações físicas, químicas e biológicas, sob determinadas condições, que convertem sedimentos em rocha.
É importante destacar que esses processos de transformação fazem parte do ciclo das rochas e ocorrem devido ao caráter dinâmico do planeta Terra — tanto do ponto de vista geológico, como do climático e ambiental.
Maciços rochosos
Os maciços rochosos são objetos de estudo das Engenharias Geotécnica, de Minas e Civil. Eles consistem em unidades geológicas que compõem a superfície do nosso planeta e podem ser formados por conjuntos de rochas variadas.
“Quando aglomeradas, as rochas apresentam determinados mecanismos instabilizantes, como descontinuidades, falhas e fraturas”, afirma Daniel. E, para determinar propriedades como grau de alteração, grau de fraturamento e resistência mecânica, é necessário realizar ensaios em campo e em laboratório.
Maciços terrosos
Além dos maciços rochosos, existem também os maciços terrosos, que se formam em locais nos quais anteriormente havia rochas expostas a intemperismo proveniente de variações climáticas, interferência de organismos vivos, como a presença de vegetação, dentre outros.
Após enfrentar tais intempéries, essas rochas sofrem alterações do ponto de vista mineralógico. Por consequência, suas propriedades e características características, como a resistência mecânica, são modificadas. Portanto, esses maciços, geralmente, apresentam menor competência que um maciço rochoso.
Em quais as formas os minerais, rochas e maciços podem ser encontrados?
Os minerais, rochas e maciços podem ser encontrados de diferentes formas, dependendo do posicionamento geográfico e da geologia do local. Essa realidade pode ser evidenciada ao analisar as diferenças entre as quantidades e tipos de afloramentos rochosos, bem como pelo desenvolvimento de solos no Brasil.
Daniel relata que, em decorrência do clima tropical, caracterizado tipicamente por uma maior precipitação e elevadas temperaturas, observa-se uma aceleração no processo de alterações das rochas e, consequentemente, um maior avanço do manto de intemperismo em profundidade se comparada ao zonas de clima temperado.
Em relação ao território nacional, podemos notamos diferenças entre regiões distintas. No Norte, o solo apresenta profundidade decamétrica, enquanto no Nordeste costuma ser pouco espesso. As regiões intracontinentais apresentam serras e montanhas com extensos e abundantes afloramentos rochosos, enquanto nas região costeira há presença de profundas bacias sedimentares.
“As rochas também se distribuem de maneira diferente, sendo afetadas pelo clima e pelas rochas preexistentes na região”, conta Daniel. Por isso, cada local tem uma geologia distinta. “A experiência que você adquire de um projeto para outro é ótima, pois ajuda a definir os melhores métodos e as melhores técnicas de Engenharia a serem aplicados, mas a investigação antes da obra é sempre necessária pela individualidade de cada localização”, afirma.
Qual a utilidade das análises geotécnicas para execução de uma obra?
A construção de pontes, túneis, estradas e até mesmo edificações envolve alterações no meio ambiente e, para isso, é preciso avaliar as implicações econômicas e sociais da atividade.
Nesse cenário, o processo de investigação geotécnica se mostra muito importante, tendo em vista que identifica se o local apresenta capacidade natural de receber determinado projeto sem nenhum tipo de tratamento de engenharia voltado para a segurança.
Caso ele não atenda aos critérios estabelecidos pelas normas brasileiras, torna-se necessário realizar a fortificação dos maciços rochosos ou terrosos, que controlará suas instabilidades.
De acordo com Daniel, é preciso avaliar, ainda, os custos envolvidos nessa intervenção. “A Engenharia tem as ferramentas e o potencial para executar as obras, mas o custo para sua concretização pode ser muito elevado, inviabilizando a realização do projeto”, comenta.
Como você pôde ver, mineral, rocha e maciço estão diretamente interligados, cumprindo um papel importante na formação uns dos outros. Contudo, tais elementos também têm várias diferenças, que devem ser compreendidas a fundo principalmente quando integram um ambiente no qual pretende-se executar uma obra.
Portanto, é essencial realizar estudos geotécnicos a fim de conhecer as particularidades desses materiais e, a partir disso, elaborar projetos adequados às características locais, para que possam ser executados de forma segura e economicamente viável.
Entendeu a diferença entre mineral, rocha e maciço? Quer aprender ainda mais sobre solos? Então, aproveite a visita ao nosso blog e leia o artigo sobre “bioengenharia de solos como aliada da construção civil”.