Belgo Arames
Publicado por: Belgo Arames
Controle de enchentes: veja como o uso de gabiões pode ajudar

Gabiões são estruturas projetadas que datam de mais de 3000 a.C. Trata-se de cestos retangulares recheados de pedras que servem para criar paredes de contenção leves, flexíveis e permeáveis, que permitem, entre outras coisas, realizar o controle de enchentes.

A principal vantagem é a soma de dois opostos. De um lado, temos a firmeza da pedra, que confere resistência como se fosse concreto e, portanto, a torna imóvel. De outro, temos a maleabilidade do fio, que permite sua aplicação em solos moles, adequando-se ao movimento e à pressão da água.

De forma geral, os gabiões são eficientes, econômicos e perfeitamente adaptados ao meio ambiente. Outra vantagem é que a própria simplicidade o torna acessível, não sendo necessária especialização ou conhecimento técnico diferenciado.

Neste artigo, revelaremos todos os segredos dessa engenharia inteligente. Para tal, contamos com a colaboração do engenheiro civil Tiago Almeida Prado, que nos explicou as vantagens do uso de gabiões para realizar o controle de enchentes. Continue lendo para saber mais!

De que maneiras os gabiões podem ser usados ​​em sistemas hidráulicos e controle de enchentes?

Quando falamos em controle de enchentes, estamos nos referindo a uma questão fundamental para todo tipo de contexto que envolve uma relação dinâmica com um curso de água, seja na cidade, seja no campo.

Neste sentido, os gabiões são utilizados para fazer canalizações e proteções de margens. Isso porque, devido ao volume de água dentro dos córregos, é comum a ocorrência de processos erosivos nas margens.

Em suma, o uso de gabiões na construção de sistemas hidráulicos propicia:

  • ganhar espaço ao longo das margens;
  • reconstruir uma área erodida específica;
  • aumentar o fluxo de um curso de água;
  • integrar cursos de água no desenho urbano;
  • urbanizar os córregos.

Quais são os tipos de gabiões existentes?

Para a construção de sistemas hidráulicos ou para o controle de enchentes, existem três tipos de gabiões. Detalharemos cada um deles a seguir. Continue lendo!

Saco

O gabião-saco tem inicialmente formato cilíndrico, pois ele é construído em um único pano de tela em malha hexagonal de dupla torção retangular. No momento da montagem, que ocorre fora do local de utilização, são usados arames de aço posicionados de forma alternada, de modo a unir os lados maiores do retângulo, resultando em corpo cilíndrico achatado.

Esse modelo é comumente utilizado em obras hidráulicas subaquáticas e onde o solo de fundação é muito frágil.

Caixa

O gabião-caixa é uma estrutura montada de forma muito semelhante à montagem de um lego. Esse tipo de gabião é construído em formato de paralelepípedo com base e tampa integradas, e conta com divisões internas, também chamadas de células ou de diafragmas.

Cada caixa é um elemento único: elas são costuradas e transportadas vazias até o local de instalação e, depois, são preenchidas com pedras. Esse modelo é usado em obras que sofrem empuxos, agindo como muros de contenção.

Colchão

O colchão funciona de forma semelhante ao gabião-caixa, mas tem um formato diferente: ele é mais achatado, mais largo e menos espesso. O gabião-colchão é construído em uma malha metálica de dupla torção, com base e tampa separadas.

Ele é utilizado para estabilizar o solo. Por isso, a sua aplicação mais frequente é em canais e em margens de córregos, canaletas de drenagem e revestimentos de taludes.

Como funciona o uso de gabiões no controle de enchentes?

De acordo com Prado, o processo funciona da seguinte forma:

  1. identificamos as margens que devem ser recuperadas;
  2. diminuímos o fluxo de água para que o equipamento funcione, então:
  3. ou fazemos um dique e condicionamos o fluxo de água fora do trecho onde colocaremos o gabião;
  4. ou fazemos uma ensecadeira, ou seja, desviamos o curso d’água usando terra e bolsas para fazer uma base que tira a água daquele trecho;
  5. montamos os gabiões na região mais seca possível;
  6. utilizamos os gabiões-caixa e o gabião-colchão.

Ainda segundo o engenheiro, quando não é possível fazer o desvio, é preciso que o trabalho seja realizado dentro da água. Nessas situações, o mais comum é se utilizar o gabião-saco, que pode ser preenchido, transportado para dentro do córrego e colocado até ter condição de sair da água para se instalar as caixas.

Que construção podem ser feitas com essa estrutura?

Contenções por gabiões são bastante utilizadas em obras com fortes fluxos de água. Esta é uma alternativa simples, de baixo custo e de rápida execução. Além disso, os muros de gabiões são muito eficazes, pois, como comentamos, não demandam mão de obra especializada e nem aparelhos sofisticados.

No geral, as pedras utilizadas nos gabiões são encontradas no local em que está sendo realizada a obra, minimizando gastos e tempo. Dados esses benefícios, os gabiões são frequentemente empregados na engenharia civil.

A seguir, apresentamos alguns tipos de construções que podem ser realizadas utilizando essa estrutura:

  • proteções de margens, para recuperar um processo de erosão ou escorregamento;
  • apoios de ponte;
  • canalizações retangulares;
  • canalizações trapezoidais;
  • barramento para o controle de fluxo ou de enchente;
  • caixas de retardo;
  • espigões na margem do mar, para recompor uma área tomada pelo mar.

Um detalhe importante é que, em contato constante com fluxos d’agua devemos sempre trabalhar com material recoberto com PVC.

Por que o uso de gabiões é vantajoso no controle de enchentes?

Gabiões têm a grande vantagem de serem estruturas flexíveis.

“Em leitos de córregos, por exemplo, que normalmente possuem solos moles, onde a base da canalização tende a ser de baixa capacidade de suporte, qualquer estrutura colocada ali tende a deformar. No entanto, quando trabalhamos com as estruturas de gabião nestes casos, no valemos de sua característas de flexibilidade e monoliticidade, elementos estes que fazem a estruturar aceitar as deformações e esforços a que é solicitada. Sendo sempre uma solução viável” explica Prado.

Além do mais, por serem porosos, com índice de vazios de 30%, o solo não é totalmente impermeabilizado, o que alivia a força de pressão do curso d’água.

Quando são utilizadas bases de concreto mais rígidas, é preciso trabalhar a fundação e a drenagem com mais critérios. Por outro lado, o gabião funciona como uma drenagem em si, porque ele tem:

  • um sistema de filtragem;
  • um elemento de drenagem permeável (as pedras);
  • a condução é feita pelo próprio curso d’água.

Por fim, vale reforçar que um dos principais benefícios do uso de gabiões é o custo-benefício e mão de obra barata. Além de ser uma solução mais acessível que não exige tanta base, é fácil de aplicar e tem um custo de construção muito atraente.

Os gabiões são estruturas muito vantajosas na construção de sistemas hidráulicos e no controle de enchentes, tanto do ponto de vista técnico quanto econômico. Além disso, como vimos ao longo do texto, eles apresentam características funcionais essenciais às obras hidráulicas, geotécnicas e de controle de erosão, que os diferenciam de outras soluções.

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